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Usando as Melhores Ferramentas para o seu Desenvolvimento

21.5.2023

Um breve conceito sobre treinamento de modalidade mistas 👇

Eu particularmente não sou muito fã de automóveis, minha fantasia de mobilidade urbana definitivamente está nas bicicletas. Também adoro uma boa caminhada e, sempre que posso, faço uma corridinha entre as atividades do meu dia. À volta para casa, depois de deixar os filhos na escola, muitas vezes acaba sendo uma oportunidade para fugir da neurose que o trânsito das cidades oferece para correr pelas ruas e calçadas observando as pessoas dentro de seus carros completamente paradas. De qualquer forma escolhi falar um pouco sobre automobilismo (sem ser muito conhecedor e fã) para criar uma analogia sobre ferramentas de treinamento. Tente pensar sobre toda tecnologia aplicada nos carros de competição, os trabalhos de engenharia e design para criar veículos que consigam desenvolver altas velocidades, fazer curvas e frenagens com estabilidade, além dos dispositivos que garantem a vida dos pilotos. Todo altíssimo custo de desenvolvimento que uma escuderia investe em um carro campeão no futuro acaba sendo aplicadas em carros de passeio, aonde essas pessoas que descrevi durante as minhas corridas, usam para se deslocar de um ponto a outro.

Anos atrás pensava um pouco sobre isso enquanto elaborava sessões de treinamento físico que pudessem desenvolver minhas capacidades físicas para as competições de jiu-jitsu. Vivia as fantasias de um atleta amador que imaginava ser profissional e, entre as jornadas de trabalho, procurava criar uma agenda de treinos técnicos e preparação física. Bom, ao menos todo delírio serviu para formar alguns conceitos que aplico como treinador até hoje. Faça algumas pesquisas rápidas pela internet. Observe algumas marcas de desempenho dos esportes olímpicos nos últimos 30 ou 40 anos. Ou melhor, pesquise o número de atletas que conseguiram correr a prova dos 100 metros rasos abaixo dos 10 segundos. É surpreendente observar o salto de desenvolvimento do potencial humano quando fazemos uma pesquisa como essa que sugeri. Apesar de ser uma marca para poucos, o fato do número de atletas ter aumentado aponta o quanto evoluiu também os métodos e recursos vinculados ao treinamento desportivo. Foi com esse olhar que passei a investigar o que atletas de alto rendimento faziam em suas rotinas para bater recordes mundiais e olímpicos.

É importante fazer uma breve contextualização para entender um pouco dessa tomada de consciência assim como todos os paradigmas derrubados a partir dela. A maioria das academias, em suas salas de musculação (treinamento com pesos), carregava referências basicamente usadas no fisiculturismo. Porque o nascimento e popularização do treinamento com sobrecarga iniciou com as pessoas interessadas nessa modalidade esportiva. No início essas academias eram marginalizadas, existia pouca informação de massa disponível abrindo espaço para muito preconceito sobre riscos que esse treino poderia oferecer. Os praticantes sofriam preconceito também. Corpos definidos e musculosos não faziam parte do padrão estético naquele tempo. Toda essa estranheza aos olhos da sociedade criava conceitos equivocados gerando dúvida e insegurança para as pessoas que despertassem qualquer interesse em fazer treinos de halterofilismo. Muitas coisas aconteceram desde o início das primeiras academias de musculação até os dias atuais, a profissão de educação física foi reconhecida e regulamentada contribuindo para um discurso amparado em lógica científica que incentivasse o treinamento com pesos e o número de pesquisas científicas aumentaram consideravelmente trazendo conclusões positivas a favor do treinamento e desmistificando todo o preconceito existente no início. Contudo, essa síntese está sendo feita para compreender o referencial que professores recém-formados e novos praticantes tinham quando entravam em contato com esse universo. Os exercícios, métodos de treino e planejamento eram baseados no fisiculturismo o que acaba sendo apenas uma possibilidade de treinar com sobrecarga. Quando observamos o uso do treinamento com sobrecarga para aumentar a velocidade de um corredor, ou de capacitação física em qualquer modalidade esportiva que seja, descobrimos um novo universo de possibilidades. Essa observação mudou minha perspectiva de prática e trabalho, fazendo uso do treinamento com pesos de outra maneira. Agora passava a escolher exercícios por funcionalidade e pesquisava métodos de treinamento relacionados a desempenho atlético e não estético.

Retomando a analogia prévia ao automobilismo com as transferências de recurso do alto rendimento aos carros de passeio. O mesmo olhar de observação ao desempenho humano nas diferentes modalidades esportivas teve basicamente a mesma intenção. Eu, quando vivia as fantasias de um atleta amador, passei a experimentar diferentes modalidades esportivas como ferramenta de preparação física, compreendendo que havia transferência de benefícios adquiridos nessas experiências quando fosse praticar jiu-jitsu. E, não demorou muito para entender que as necessidades são basicamente as mesmas, o que muda na verdade é a proporção e intensidade que são aplicadas de acordo com o material humano. Digo, porque ao perceber que atividade física e treinamento são questões de sobrevivência e manutenção da vida, a diferença de um idoso que fortalece seus músculos e melhora a coordenação motora para evitar quedas e fraturas de um saltador com vara que busca melhorar suas marcas está apenas no grau que suas rotinas são feitas. Nas duas situações o uso do treinamento está relacionado na melhora da capacidade de enfrentamento. Educadores físicos elaboram rotinas, escolhem exercícios e planejam treinamento respeitando a individualidade de seus alunos. Sendo assim:

- Qual seria a melhor escolha a seguir?

- Qual é a melhor base de referência?

Se um atleta olímpico, ao atingir o ápice de sua performance, faz uso de um regime específico de exercícios e tarefas físicas comprovadas cientificamente como o melhor recurso a ser empregado. Porque não aplicar os mesmos conceitos, respeitando individualidade biológica e quantificando adequadamente a intensidade, para um cidadão comum que precisa melhorar seu preparo físico para enfrentar as demandas do cotidiano?

O fato de o seu carro trazer tecnologia aplicada no automobilismo não te avaliza a fazer curvas em altíssima intensidade e nem tampouco ultrapassagens arriscadas. Essa tecnologia está a serviço do bem-estar, segurança e preservação da vida. A mesma lógica de pensamento está relacionada ao treinamento de modalidade mista quando aplicado a população comum.


TREINAMENTO DE MODALIDADES MISTAS
MMT
MIXED MODALITY TRAINING

Levantadores de peso olímpico são conhecidos por serem os atletas mais fortes, principalmente quando consideramos a força relativa (peso deslocado/peso corporal).

Ginastas olímpicos executam movimentos complexos com absoluto controle corporal.

Ciclistas profissionais são famosos pelo seu volume máximo de oxigênio.

O que é volume máximo de oxigênio 👇
https://pt.wikipedia.org/wiki/VO2_max

Cada modalidade esportiva traz um traço específico de excelência em uma, duas ou até três capacidades físicas.

Uma preparação física com modalidades mistas não tem interesse em objetivos específicos. Muito pelo contrário! Refletimos constantemente para elaborar um programa que seja o mais plural possível. Essa pluralidade tem interesse em:

- Estimular e desenvolver todas as capacidades físicas presentes no ser humano

- Treinar os três sistemas de energias (fosfocreatina, gligolítico anaeróbio e oxidativo)

- Promover aprendizados motores diversos e melhorar a mecânica dos gestos preexistentes

- Melhorar a capacidade de enfrentamento aos desafios físicos presentes na vida e, principalmente, aos eventos adversos

Para isso, criamos um cenário e utilizamos as bases fundamentais de ginástica olímpica e levantamento de peso. Também aplicamos diferentes formas de trabalhos aeróbios (remo, corridas, pulos de corda, etc ...). Nesse contexto é feito o MMT (mixed modality training) treinamento de modalidade mista.

Meus primeiros treinos nesse formato começaram em 2005 quando elaborava rotinas de preparação física que pudessem auxiliar meu desempenho nas competições de jiu-jitsu. Desde então passei a buscar referências de estudo que fossem alinhadas com a maneira que passei a enxergar o trabalho de condicionamento físico. Em uma dessas pesquisas descobri o CrossFit. Em 2012 conquistei a primeira certificação desse programa de condicionamento assim como colaborei para fundação de um dos primeiros “Box” afiliados a marca na minha cidade. No ano de 2015 fundei e estabeleci meu próprio negócio e mantive minha certificação ativa com a marca CrossFit até outubro de 2022. Entretanto, com o surgimento da pandemia de COVID-19 e a paralisação compulsória das academias, pude entender melhor as relações comerciais entre uma empresa de matriz norte-americana com uma microempresa brasileira. E, após algumas observações históricas e reflexões sociopolíticas, sobretudo tomadas de consciência de lugar, decidi romper minhas relações comerciais e fundar um selo independente desde então.

Essas alterações não mudaram o interesse em entregar uma experiência transformadora para as alunas e alunos. Muito pelo contrário! Nosso desejo, baseado na revisão de todas nossas experiências, é criar um trilho de desenvolvimento a ser seguido que possa conduzir no aprimoramento das aptidões físicas de forma sólida e segura.

Uma sessão de treinamento, na maioria das vezes, traz de forma combinada exercícios aeróbios, movimentos de ginástica olímpica e levantamento de peso. A princípio, parece impossível em termos práticos, estabelecer uma seqüência lógica que evite lesões e garanta desenvolvimento contínuo. A própria vivência individual nessas práticas e a condução de treinamentos com grupos de pessoas com aptidões físicas tão diferentes uma das outras ensinou sobre etapas a serem respeitadas.

Nomeei essas etapas de Trilhos de Desenvolvimento.

Os trilhos de desenvolvimento são aplicados para estabelecer requisitos obedecendo ao pensamento lógico do FUNDAMENTAL ao COMPLEXO. Sua criação é aplicada para:

- Determinar qual são as capacidades físicas a serem abordadas prioritariamente

- Programação de Treinamento

- Elaboração de Sessões de Treinamento

- Aprendizado de Exercícios


TRILHOS DE DESENVOLVIMENTO

É interessante observar as pessoas que visitam a academia buscando informações sobre nossas atividades. O fato de elas estarem simplesmente ali já demonstra o desejo em mudar e viver o estilo de vida que incentivamos, mas a grande maioria tende a ter um discurso inicial de negação e acaba sendo comum ouvir frases como:

- “Eu nunca vou conseguir fazer isso”

- “Primeiro eu preciso treinar um pouquinho para depois voltar aqui”

Cada praticante está ali desenvolvendo seu “currículo atlético” e a condução das atividades não exigem um ponto de partida em comum. Ou seja, não é necessário ter um currículo atlético preexistente para fazer parte das nossas atividades. O curioso dessa observação é reconhecer que para o treinador é mais fácil e garantido iniciar a programação de treinamento aonde não existe um trabalho prévio porque nessas ocasiões é possível criar do ponto zero toda a fundação necessária que o desenvolvimento das aptidões físicas irá acontecer. E, por mais longo e demorado que seja esse processo, a possibilidade de construir desde sua fundação garante uma estrutura sólida para etapas avançadas. Quando as atividades são aplicadas com alunos que trazem vivências anteriores, principalmente aqueles que apresentam falta de treinamento de base, o desafio de orientar e aplicar atividades fundamentais exigindo uma espécie de retratação com o próprio corpo e seu condicionamento físico acaba sendo muito maior do que o primeiro exemplo citado. De qualquer forma, fica nitidamente claro o quanto é necessário respeitar todas as etapas de um processo de treinamento. E, assim como em uma construção, fica impossível edificar algo quando não há uma fundação adequada para isso.

Curiosamente a criação dos trilhos de desenvolvimento aconteceu na aplicação de treinos avançados. Na verdade, foi quando passamos a constatar problemas que se apresentavam na condução dos treinamentos depois de algum tempo. Infelizmente alguns aprendizados só acontecem na dor e a indicação de algumas lesões de esforço deu a sinalização de que era necessário mudar a rota de curso do nosso trabalho. Ao investigar detalhadamente a origem das intercorrências chegamos à conclusão que a solução estava no tempo dedicado aos trabalhos mais fundamentais. Dessa maneira criamos o primeiro trilho que norteia nosso trabalho:

- Controle Corporal
- Mecânica
- Ritmo & Cadência
- Intensidade

Segue alguns links relacionados para estudo 👇

RESPEITE O PROCESSO

CORPOREIDADE

BARRA FIXA (PULL UP)

ISOMETRIA

TREINO DE BASE ATLÉTICA