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Mobilização, Centralização & Desenvolvimento

30.5.2023

Queixas de dores são comuns especialmente quando existe uma mudança aguda de rotina.

Cotidiano com pouco movimento que altera para uma rotina com muita movimentação (nesse caso a alteração do estado de comportamento acaba sendo uma das razões dessas dores). Mas, após um período de adaptação essas queixas tendem a diminuir.

As dores musculares fazem parte da rotina de treinamento porque sempre existe uma alteração de variável (volume, carga e intensidade) para impedir efeitos de acomodação. Entretanto, algumas dessas dores têm origem na saída de eixo do centro de gravidade e, ao colocar movimento ao corpo sem estar devidamente centralizado, criasse estresse em articulações, tendões e músculos.

Quando o diagnóstico da dor tem relação com eixo de gravidade a solução para corrigir esse problema estará ligada aos estímulos das capacidades físicas flexibilidade, resistência muscular e coordenação. Foi através dessa análise que percebemos a importância do controle corporal.

Voltamos à imagem do corpo em posição anatômica enfrentando a força da gravidade. Agora vamos analisar os movimentos que as articulações dos ombros, vértebras da coluna vertebral, cotovelos, quadris, joelhos e tornozelos fazem.

Você consegue movimentar o segmento do seu corpo por toda amplitude que essas articulações supostamente oferecem?

Você consegue realizar esses movimentos de forma equilibrada considerando a linha vertical que divide o corpo ao meio?

Esse é o ponto de partida para compreender os objetivos que precisam ser priorizados. Músculos encurtados limitam o raio de ação das articulações, alteram o centro de gravidade durante os movimentos e, ao considerar a resultante criada entre os vetores das cadeias musculares, comprometem o enfrentamento da gravidade.

A força da gravidade quando não encontra um vetor contrário “achata” corpo, comprime articulações estressando componentes articulares, tendões e músculos.

A MOBILIZAÇÃO das articulações nos trabalhos de mobilidade articular e nas permanências em posturas de alongamentos é fundamental para prevenir as dores criadas pelos encurtamentos musculares, sobretudo para garantir uma progressão de desenvolvimento contínuo do condicionamento físico.

Não quero desviar a minha narrativa sobre a importância do desenvolvimento da capacidade física flexibilidade para questões comuns sobre “qual é o momento ideal para fazer alongamentos?”.

A flexibilidade é uma capacidade física extremamente relevante nos programas de condicionamento físico e, caso não houver programação para desenvolvê-la, poderá ser um fator limitante na  melhora das outras capacidades físicas. Sem considerar que todo treinamento gera resíduos metabólicos e desorganiza o corpo em relação ao centro de gravidade.

Os trabalhos relacionados à flexibilidade são fundamentais para manter a rotina de treinos e evitar lesões vinculadas a erros posturais oriundos de desequilíbrios entre as cadeias musculares.

Além disso, essa capacidade física (por experiência prática) é a que exige mais tempo para melhoras significativas. Em contrapartida, é também a capacidade física que responde mais rápido aos efeitos do DESTREINAMENTO, ou seja, é necessário estar sempre alongando e mobilizando articulações.

Normalmente separamos 25% do tempo de cada sessão de treinamento para fazer alongamentos e mobilizações específicas (de acordo com a tarefa do dia). Essa decisão não está relacionada ao “melhor momento de alongar”. Na verdade, estruturamos nossas rotinas de treinamento dessa maneira porque compreendemos que dificilmente nossos alunos terão, em sua grande maioria, a disciplina de fazer trabalhos de flexibilidade diariamente.

Durante a trajetória como professor, praticante de atividade física e esportes fui compreendendo melhor os motivos e benefícios relacionados a flexibilidade até entender sua fundamental relevância no desenvolvimento de todas as aptidões físicas. As leituras e vivências práticas trouxeram a noção de aplicação de cada trabalho de flexibilidade além de entender melhor o que são cadeias musculares, tecido conjuntivo (fáscea), músculos esqueléticos e estáticos (antigravitacionais) assim como o momento adequado de aplicação dessas tarefas.

Sendo assim podemos separar essas práticas para diferentes finalidades:

→ O alongamento dos músculos esqueléticos e mobilidade articular nos aquecimentos

→ Liberação miofascial para recuperar dos treinos e antes de algum treinamento se o músculo a ser trabalhado estiver carregado de tarefas anteriores

→ Posturas de alongamento para auxiliar na organização e centralização do corpo

Livros e autores que li relacionados ao tema:

→ Fisiologia Articular, A.I. Kapandji
→ Anatomia Para O Movimento (Vol. 1 & 2), Bladine Calais-Germain
→ Fáscias e Pompagens, Marcel Bienfait
→ Stretching Global Ativo, Philippe Souchard
→ Isostretching, Bernard Redondo
→ Alongue-se, Bob Anderson
→ Luz Sobre O Yoga, B.K.S. Yengar